sábado, 14 de junho de 2008

Resenha Crítica sobre o documentário “Vlado – 30 anos depois”

Trinta anos depois da morte de Vladimir Herzog, o diretor João Batista de Andrade, resolveu fazer um documentário em homenagem ao seu amigo brutalmente assassinado.

Na noite do dia 24 de outubro de 1975. Vlado, como era conhecido por familiares e amigos, diretor de jornalismo da TV Cultura, apresentou-se na sede do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto aos 38 anos. Segundo a versão oficial da época, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de Jorge Benigno, Jathay Duque Estrada e Leandro Konder jornalistas presos na mesma época, Vladimir foi assassinado sob forte tortura.

A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964 - 1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo. Os donos dos veículos de comunicação fizeram um acordo com os jornalistas. Todos trabalhariam apenas uma hora, para que os jornais e revistas não deixassem de circular, e as emissoras de rádio e televisão continuassem com suas programações.

Apesar de riqueza de depoimentos fascinantes e recursos de “super-close” – um tipo de filmagem que faz com que os rostos dos entrevistados ocupem quase que completamente o espaço da tela – e uma nervosa câmera na mão, que provoca uma constante sensação de “realidade” e “presença” no espectador, como se estivéssemos frente a frente com o entrevistado, faltou com as imagens e fotografias. Não mostraram pelo menos uma foto do general Ednardo, comandante à época do II Exército e, funcionalmente, o responsável direto pelo assassinato de Vlado.

João Batista nos apresentou uma homenagem pra lá de digna. E, acima de tudo, necessária. Não só para que jamais nos esqueçamos dos horrores da ditadura. Mas também, para que todos possam lembrar aqueles quem lutaram para democratizar o país.

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